Como disse no post anterior, estava bem anciosa para a visita ao Inhotim. Esperava ver obras que brincassem com a interatividade, mas quando ceguei lá, percebi que não era esse o foco museu. Mas isso não prejudicou em nada, pelo contrário, acho que correspondeu sim às minhas expectativas. Gostei demais do lugar, principalmente por estar em meio a uma belíssima paisagem natural.
Foi uma exeriência única poder ver de perto obras de grande repercussão mundial! E o melhor, saber que está aqui no Brasil, numa cidade interiorana bem pertinho de nós... O que vi foi uma quebra total com os padrões de arte que tinha em mente.
Tive a oportunidade de passar pelas 10 galerias, que abrigam mais de 500 obras de 100 artistas diferentes! Confesso que não gostei de muitos trabalhos que vi, talvez por não entender o significado dos mesmos, se é que queriam dizer alguma coisa. Mas outros são simplismente fascinantes e nos fazem pensar de onde o artista tirou tanta imaginação!!
O primeiro que me chamou a atenção foi a Nave Deusa, do Ernesto Neto. A forma e os materiais usados me deixaram intrigadas e com uma imensa vontade de entrar lá dentro... Também gostei muito dos painéis que estavam do lado de fora da Galeria Fonte, o Rodoviária de Brumadinho e o Abre a Porta, de John Ahearn e Rigoberto Torres, principalmente por terem promovido uma interação da turma com a obra, o que foi muito divertido.
Bom, não dá pra falar de todos que gostei, então elegi para minha pesquisa o Cildo Meireles. Achei muito legal ele ter uma galeria exclusiva para suas obras, por se tratar de uma artista brasileiro.
Cildo Meireles, carioca, 61 anos, iniciou sua carreira na década de 60 criando objetos e instalações que despertam uma experiência sensorial no observador. Ele tem uma papel de destaque no cenário da arte contemporânea não só no Brasil, mas também internacionalmente.
Uma das coisas que me fizeram escolhe-lo, foi saber que suas obras serviram de crítica a questões como a Ditadura Militar braileira e a dependência do país na economia global.
Já ganhou diversos prêmios, como o Premio Velázquez de las Artes Plásticas, concedido pelo Ministerio de Cultura da Espanha, e uma mostra na Tate Gallery em Londres, ambos em 2008.
Vou falar um pouco sobre as obras que escolhi:
- Através: Entre todas as obras expostas no Inhotim, esta foi a que mais gostei. Nela, Cildo brinca com objetos do cotidiano que normalmente são utilizados para criar barreiras, como o vidro, cortinas, grades, cercas, entre outros. Os estilhaços de vidro no chão e a própria forma da intalação (um labirinto) são um convite para que cada um entre
atravésda obra para se ter uma melhor percepção da mesma. Tudo isso alude às barreiras impostas pela vida. Achei um máximo a possibilidade de "pisarmos" na obra, pincipalmente levando-se em consideração que nas demais não podíamos tocar nem fotografar. Caminhar nos cacos de vidro proporcionou uma sensação inexplicável.
- Projeto Coca-Cola: Nessa obra, de 1970, Cildo brinca com a questão da garrafa jogada ao mar. A ideia era escrever mensagens que se desejasse transmitir a um público grande em garrafas retornáveis de coca-cola. Nesse caso, a garrafa não seria lançada ao mar, mas voltaria para a indútria que iria repor o conteúdo do refrigerante, fazendo com que o escrito se tornasse nítido. O próximo consumidor iria ler a mensagem e depois passar a garrafa pra frente, fazendo disso um ciclo. Achei a idéia super interessante e divertida.
- Quem matou Herzog? Em meio à ditadura militar na década de 70, uma morte intriga a população: o suposto suicídio, na cadeia, do jornalista Wladimir Herzog. Boa parte dos brasileiros, principalmente artistas engajados, não acreditaram nessa versão dos fatos e, como Cildo sabia que ninguém gastaria dinheiro para desvendar esta questão, fez esta obra usando apenas uma nota de Cruzeiro e um carimbo. Considero esta obra bem ousada para a época, levando em consideração a perseguição dos militares aos seus opositores. Cildo foi bem corajoso!
Agora algumas fotos que tirei nos locais permitidos:
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